Livre arbítrio - uma reflexão

18-10-2016 13:57

Sempre ouvimos falar sobre o livre arbítrio do homem. Há inclusive muitos questionamentos e discussões entre calvinistas e arminianistas sobre esse assunto. Que o homem exerce arbítrio, ninguém pode negar: escolhemos sair de casa ou permanecer nela, escolhemos a cor de roupa que queremos, decidimos a profissão que pretendemos, escolhemos um relacionamento... Decisões fazem parte da vida a todo instante. Talvez o maior problema aqui seja entender, não o arbítrio em si, mas se ele é realmente livre. Para algo ser livre arbítrio não pode ser influenciado por nada mais do que a vontade livre. Mas temos vontade livre? Pedro diz: "prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos são escravos da corrupção; porque de quem um homem é vencido, do mesmo é feito escravo." 2 Pedro 2:19. Pergunto: não foi Adão vencido pelo pecado? E, tendo sido vencido, não tornou a si próprio, como a seus descendentes, escravos do pecado? Pois todos nascemos no pecado de Adão, assim o mal passou de geração a geração.

 

Se nossa vontade, como escravos, foi dominada, como ela pode ser livre? E, se a vontade não é livre, o arbítrio não pode ser livre. Se o arbítrio é, por nossa natureza, influenciado, não pode ser livre. Somos continuamente influenciados por nossas vontades e nossas vontades são, por sua vez, influenciadas pelo pecado. Desejamos o que não poderíamos desejar. Naturalmente nos voltamos para aquilo que desagrada a Deus, pelo que disse Paulo: "Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser" Romanos 8:7. Tal inclinação veio pelo conhecimento do pecado.

 

Por isso também disse Jesus: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos" Lucas 4:18.

 

As expressões "libertação aos cativos", "restauração da vista aos cegos" e "pôr em liberdade os oprimidos" falam de pessoas sem condições de escolha. Um cego é guiado pela mão onde deve ir, mas não sabe para onde vai, assim também um cativo e oprimido é conduzido por outros, não por sua própria vontade livre.

 

Pensemos em um árbitro de futebol que não torce para nenhum time. Ele julgará sabiamente o jogo, uma vez que nenhum time lhe agrada. Agora pensemos em um árbitro que torce para um dos dois times em campo... Naturalmente suas decisões serão pendidas para o lado de seu time preferido. Assim somos nós, tomamos decisões o tempo todo, mas tais decisões, por menores que forem, sempre mostrarão nossa inclinação à carne. Porque em Adão nos tornamos escravos do pecado. Como então escolhemos algo bom, como o Senhor Jesus Cristo? Se somos incapazes de escolher o bem, como deixamos o mal? Paulo responde a isso em sua carta aos Coríntios, quando diz: "Portanto vos quero fazer compreender que ninguém, falando pelo Espírito de Deus, diz: Jesus é anátema! e ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor! senão pelo Espírito Santo." 1 Coríntios 12:3.

 

Se não for a intervenção do Espírito, como disse Paulo, NINGUÉM pode dizer que Jesus é o Senhor! O Espírito Santo consegue fazer um milagre dentro de nós, fazendo o que ninguém mais podia: revive o homem morto em pecados e o torna capaz de se voltar para Deus! Se não fosse pela intervenção divina, pelo Espírito, através da Palavra, jamais haveria um homem que seria salvo. O Espírito quebra, pelo nome de Cristo, as cadeias do cativo, restaura a visão do cego e tira o peso do oprimido. Fazendo-nos olhar para Jesus, une o homem novamente com Deus, restaurando a comunhão perdida por causa de Adão. E agora há ainda uma comunhão maior, porque em Cristo nos tornamos filhos de Deus.

 

O arbítrio, sempre escravo, é pelo Espírito tornado de fato livre, dando condições ao homem de voltar para os braços de Seu Redentor.

 

Desta maneira vemos na salvação a nova criação de Deus, pois "se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" 2 Coríntios 5:17. E como na criação de Adão o Pai, Filho e Espírito Santo estiverem presentes e atuantes, assim também na nova criatura, os três estão presentes e atuantes, a saber:

- O Pai planejando

- O Filho executando

- E o Espírito Santo aplicando a salvação para os homens.

 

Bendito seja Deus por Jesus Cristo nosso Senhor! Vemos então que a salvação é obra de Deus, do início ao fim. E o arbítrio um escravo do pecado que habita em nós. Se não fosse a obra divina, jamais escolheríamos a Cristo! E ainda tem gente que quer se vangloriar diante de Deus...

 

Que Deus os abençoe em Nome de Jesus Cristo!